É só uma noite, mas não é só mais uma, e não é qualquer uma. É a noite que ela desejava, mas não exatamente como ela desejava. Ela a desejava. Ela o desejava. Caminha ao encontro de seu desejo, música nos ouvidos, frio nas mãos, no corpo calor e na cabeça um pouco de confusão. Ela caminha porque a busca é incessante, traz dúvida e insegurança porém traz juntamente emoção. Ela pára, chega ao encontro mas não o encontra, ela liga, ele a encontra. Ela se encontra. E encontra todos, os outros. Um toque de decepção. Ele um pouco distante, ela meio perdida. Mas eis que a noite começa, finalmente começa. Ela se diverte entre sorrisos e falas, ao som de um jazz-aberto-totalmente-livre e sob a baixa luz vinda do palco. Ela aproveita a noite. Ela troca suas dúvidas e inseguranças por uma deliciosa sensação de alegria. Prazer de estar onde está e com quem está. Ela, ele; ele, ela, todos. Ele e ela, ainda mais. Ela descobre que é tudo muito mais do que ela queria. Ela enxerga encanto onde achava que não existia. Agora o som silencia, a luz fica clara. A noite está prestes a acabar. Ela se despede, ele se despede. Um beijo. Ela caminha devagar, sem olhar pra trás. Ainda sem entender, sem querer muito entender. Sorrindo por dentro. Foi só uma noite.